Missão Especial
Este filme conta a trajetória da mãe de meninos gêmeos que descobre de maneira brusca que eles são autistas, quando já estão com aproximadamente três anos, onde se detecta a falta de capacitação médica em diagnosticar de forma precoce o autismo (na sua concepção, Fonseca (1995) esclarece que esta identificação não pode ser subestimada, pois além de reduzir custos para o estado e família, possibilita tirar proveito no primeiros momentos do desenvolvimento humano, criando-se programas de estimulação, reabilitação, reforçando a aprendizagem). Nesta história real, pode-se constatar que poucas pessoas estão preparados para aceitar e conviver com pessoas com necessidades. Mesmo que seja uma pessoa bem próxima, como o caso do pai dos meninos, que assumiu não ter estrutura emocional para criar os filhos autistas. A mãe, mesmo muito abalada com a situação, aceitou o fato e optou por lutar pelos filhos, mostrando a força e a coragem das mulheres. Então, mudou-se de cidade, matriculando os filhos numa escola, porém não conta sobre o autismo. Com a manifestação de sintomas clássicos como ecolalia e mutismo, o corpo docente acusa a família de maus tratos, evidenciando o despreparo da instituição em relação aos casos de necessidades especiais. Ao contar sobre o autismo, a direção convida a mãe a retirar os filhos da escola. Ela não se dá por vencida e procura outro ligar para colocar as crianças. Mesmo sabendo que não existe cura, ela está determinada a fazer com que os filhos tenham uma boa qualidade de vida, e conhece o preconceito, a falta de apoio das autoridades competentes, o desleixo das escolas em se capacitar para atender alunos especiais. Mesmo assim, procura pelos direito das crianças e começa a superar barreiras quando os meninos são aceitos em uma escola normal. Eles começam a superar dificuldades, convivendo e conseguindo acompanhar crianças da mesma idade, aprendendo a falar, ler e escrever. Pode-se avaliar que o direito a frequentar a escola regular deve ser respeitado, onde a convivência com a diversidade produz bons resultados para todos. Vale lembrar Dutra Junior (2003), quando diz ser a inclusão escolar um grande desafio, mas que é um momento oportuno para pensar o sujeito e diversidade. Então, os meninos autistas, superaram as dificuldades,mostrando a todos que os rodeiam, suas reais capacidades, graças ao apoio incansável da mãe, que se dedicou de maneira total para vencer paradigmas excludentes. Nesta missão especial, ela teve a atenção, carinho e amor de um homem especial, que participou e compartilhou os problemas, formando uma nova família. Este filme mostra que a superação de barreiras por pessoas com necessidades especiais é possível, havendo amor, dedicação e essencialmente, o respeito às diferenças, com uma rede de apoio capaz de promover estruturas para o desenvolvimento pleno do indivíduo.
Referências
Filme: Missão Especial (Miracle Run).EUA, 2004, drama, 90m
FONSECA, Vital da. Educação especial: programa de estimulação precoce – uma introdução às idéias de Feuerstein. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1995.
SANTOS JR. FRANCISCO D.dos. Diversidade e Psicopedagogia:
reflexões sobre a inclusão escolar. IN:WOLFFENBÜTTEL,
PATRÍCIA. Psicopedagogia: teoria e prática em
discussão. N. Hamburgo-RS; FEEVALE, 2003.
A Integração e a Inclusão na escola
O tema Prática Pedagógica Inclusiva e sua implicações no processo de aprendizagem é debatido com frequência na comunidade escolar. Garante a lei, que a escola deve oferecer oportunidade e condições para que o aluno desenvolva seu potencial, acontecendo assim seu crescimento cognitivo e social, independente de sua condição. Conforme Mantoan (1993)
A diversidade no meio social e especialmente no ambiente escolar é fator determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujeitos que neles interagem. (site Moderna)
É neste ambiente onde a diversidade oportuniza trocas que ocorre o crescimento dos saberes. Na valorização e reconhecimento da diversidade, aparece a identidade pessoal e social, construída nas relações cotidianas, cada uma com suas características próprias, uns diferentes dos outros, trazendo necessidades diversas, exigindo que a elas sejam garantidas condições apropriadas de atendimento. O que se constata nas escolas é maneira equivocada ao atender um aluno com NEEs, onde muitas vezes existe toda uma estrutura e não há pessoas preparadas para agir. Em outras ocasiões, o atendimento é feito sem os recursos necessários e desta maneira, não acontece a inclusão total do aluno, sendo que muitas necessidades poderiam ser atendidas com os recursos disponíveis na escola comum, havendo a compreensão, boa vontade e dedicação.
De acordo com Mantoan (1993)
A indiferenciação entre os significados específicos dos processos de integração e inclusão escolar reforça ainda mais a vigência do paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, embora estejam defendendo a integração! (site Moderna)
No que tange a Integração escolar, todos tem o mesmo direito, tem acesso garantido, porém nesta perspectiva, nem todos os alunos estão contemplados, são inseridos em parte, os casos são avaliados e quem tem comprometimento mais severo não tem oportunidade de frequentar a escola, pois nesta concepção, o aluno se adapta as condições oferecidas pela escola. O Plano Nacional da Educação fala da formação inicial e continuada dos professores para atendimento às necessidades dos alunos, mostra que os professores devem estar preparados e atualizados para atender o grupo. A cada dia aparece um novo desafio, uma nova demanda a ser vencida, e o professor preparado possibilitará ao aluno a construção do conhecimento para desenvolver-se de acordo com nível em que se encontra.
A Inclusão escolar gera uma mudança na instituição, todos se adaptam, a comunidade escolar prepara uma estrutura em razão das necessidades e particularidades dos alunos. Desta maneira, seja a escola regular o lugar capaz de levar a criança com e sem NNEs ao desenvolvimento pleno. Mesmo com políticas públicas definidas e instrumentos legais para garantir acesso universal, ainda há muito a ser feito para satisfazer as necessidades de aprendizagem, além de eliminar barreiras arquitetônicas, entre outras. Baseado na Declaração dos Direitos Humanos, de que todos são iguais, as condições de sobrevivência devem ser iguais. Já na Declaração de Salamanca fica representado e assegurado o direito fundamental à educação para todas as crianças, não importando como ela é, sendo que a escola deve ter um ambiente acolhedor a todos e promover condições para que possa construir conhecimento e assim contribuir para uma sociedade mais humana. No Brasil, muito já tem sido feito para que se cumpra o compromisso assumido na Assembléia Geral das Nações Unidas. A formação de educadores e transformação dos sistemas de educação em sistemas educacionais inclusivos são metas a serem complementadas.(Aranha, 2006)
Em ambiente menos restrito, com ruptura de paradigmas excludentes, flexibilização e adequação do currículo, que deve estar de acordo com o meio no qual está inserido a escola e condições de trabalho para os educadores, são algumas práticas pedagógicas inclusivas que respeitam a diversidade humana na comunidade educacional. Possibilitam que se desenvolva o processo de aprendizagem dos alunos, trabalhando defasagens, ressaltando a individualidade de cada um, de maneira que eles alcancem o potencial cognitivo e pessoal.
Referências
ARANHA, Maria Salete Fábio(organização). Educação inclusiva: a fundamentação filosófica, 2.ed. Brasília: MEC, Secretaria de Educação e Cultura Especial, 2006
MODERNA, fazendo escola com você. Integração x Inclusão: escola (de qualidade) para todos. Disponível em www.moderna.com.br/moderna/didáticos/ef/2/artigos. Acesso em 20jun2010
Pensando a Inclusão - LIBRAS
Dentro do movimento da política educacional inclusiva, que atualmente se faz, nota-se um empenho em proporcionar educação de qualidade para todos, considerando a singularidade de cada um. Dentre as NEEs, a surdez e a deficiência auditiva tem especial significado na educação, pelo fato de ser mais difícil a comunicação entre o educador e educando. Analisando o meio em que o surdo está inserido, pode-se usar vários recursos, visual, auditivo, táctil, para dar sentido na educação da criança em questão. Para tanto, a capacitação dos profissionais envolvidos precisa acontecer de forma continuada. Considerando-se a diferença básica entre ouvintes e surdos, deve-se destacar as peculiaridades dos surdos entre si, (tal qual os demais grupos de alunos com NNEs), para que se faça um trabalho inclusivo, visando alcançar o desenvolvimento cognitivo e social da criança surda. A proposta de expor o surdo a língua de sinais o mais precoce possível, para que se expresse, se justifica, por entender-se que a fala não é o único meio para criar significado, mas que deve-se usar toda e qualquer forma que envolva significação. Para tanto se necessita da presença de profissionais (educadores e intérpretes), bem como de adequações pedagógicas e curriculares para que se rompa com paradigmas centenários de atendimentos educacionais especializados, não permitindo que a questão linguística seja um simples código, mas seja capaz de transformações nas práticas escolares. De maneira que não existam atividades paralelas em sala, pois muitas vezes, as atividades ficam por conta do interprete, procurando refletir sobre as diferenças das línguas e o conhecimento que os alunos trazem. A inclusão exige pesquisas, discussões, debates, sobre as diferenças que constituem cada uma das Necessidades Educativas Especiais, sendo a academia um ambiente propício para que se levante hipóteses e rompa paradigmas, pois o ser humano tem suas peculiaridades, não existindo uma fórmula pronta na questão da aprendizagem, que pode ser construída no relacionamento cotidiano.
Fonte: A Inclusão Escolar de Alunos Surdos no Ensino Infantil e Fundamental: Buscando respeitar sua Condição Lingüística e suas Necessidades Educacionais Cristina Broglia Feitosa de Lacerda e Ana Claudia Balieiro Lodi